domingo, 13 de janeiro de 2008

AMOR CONTEMPORÂNEO



De sangue impuro, sujo, estamos cheios
Feias palavras, tristes ilusões
Meu choro, nosso choro, devaneios
Um lágrima que cai aos borbotões...

Maldita frase: "amores em teu seio"
De amor agora restam as canções...
A destruição total ainda receio
No amor agora tiros de canhões

Pensam poderosos teus perseguidores
Pérfidos, pedantes, perante a paixão
Que a vida só é vida sem bobos amores

Pensam, e só pensam, um dia verão
Após ter no rosto os tristes palores
A falta que faz um vivo coração

OS PÁSSAROS


Pássaros cortam o céu
Voam livres, vôos lindos
Debruçam-se num papel
Sentimentos exprimindo

Pássaros são criaturas
Que não vivem pelo chão
Pouco importa a envergadura
Ou quando eles pousarão

Pássaros em revoada
Cantando juntos em coro
No sol e nas madrugadas

Ou talvez em triste choro
Vertendo por suas amadas
As suas deusas de ouro

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

LUANA

Lua deste céu que minhas noites ilumina
Na companhia de tuas distantes estrelas
Quero confessar-te hoje, não ria
Tenho um amor que não posso tocar

A menina alegre, a visão dos sonhos
Vestida de linho, linhas esculpidas
Seus olhos, chamas de vivacidade
Sou dela um simples, um mero escravo

Minha dama da noite, minha confidente
Tu és minha musa e ela minha paixão
Sei que ela me deixa inteiro sem ação
Mas sei que um dia ela terá que ouvir

Os suspiros loucos do meu coração
Meu delírio, meu sonho impossível
Mas acho que ela prefere
Outro sol que a esquente

LÁBIOS LETAIS




Se teus belos olhos fossem a mentira
Eu ciente disso ainda iria acreditar
Que do fogo ardente deste teu olhar
Ainda há o amor que em meu peito tu abrira

Se a tua virgem e molhada boca
Do néctar puro e nunca provado
Tocasse a minha neste meu estado
Sei que morreria com esta frase louca

Senhores dos céus e da maldita Terra
Sabeis que agora chegou minha morte
No fim deste beijo que a vida encerra

Senhores do ódio e do meu amor
Peguem meu cadáver, joguem logo à terra
Pois daqueles lábios provei o sabor

ESTRELA DOURADA


Agora me encontro em dia claro
E o calor destes ventos em meu rosto
Traz o desconforto, até que me deparo
Com a brisa fria e suave à meu gosto

Eu acho tão lindo este raio amarelo
Que vem até mim sem nada me cobrar
O raio da vida, simples e sincero
Aquece a corrente do mar e do ar

Em meio às plumas deste céu azul
A dourada estrela em intenso fulgor
Revelou-me que a linda figura era tu

A alma perdida que levou o amor
A doce menina dos campos do sul
A fera selvagem que nada deixou

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A PRAIA


Todos vangloriam seu belo lugar
E eu longe do meu
Longe do meu mar
Vivendo no breu

Todos que conheço
Irão se ouriçar
Se falo mal do berço
Que os trouxe para cá

Eu quero o meu sol
Quero minha areia
Quero ver ao longe o belo farol

Quero a ventania que o peito incendeia
E o pescador com a rede ou anzol
Quero ver de novo a minha lua cheia

DAMA DA NOITE


Agora finalmente vejo estrelas
Imersas no firmamento a luzir
Depois de tanto tempo posso vê-las
E nesta alegria, lembro-me de ti

O brilho, os olhos, a contemplação
Tua face brilhante em céu estrelado
Nem penso que lá outros seres verão
Teu belo semblante com num bordado

Desenho nos céus, a constelação
Uma nuvem negra não apagará
O lindo delírio de um coração

Sol, hoje não quero o teu despertar
Não tires de mim a minha prata paixão
Não quero o teu belo amarelo no mar

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

ARDENTE SANGUE EM NEVE

Estava elegantemente vestida
Foi por mim violentamente despida
E o seu corpo, o sangue a correr
Em rio nunca antes percorrido

O leito entra as pernas tão alvas
Antes pura, nua tentação
Fui o anjo negro debruçado em teu corpo
Manhando, ferindo, com sofreguidão

E a sede, volúpia dos corpos
Em ti começava a ferver
Depois do deleite nos copos

Gemidos frementes, ardentes na alma
Os vórtices do ser em fúria
O último urro do animal selvagem

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

ÓDIO

Furioso, possesso de raiva
Saindo da razão
Ninguém me entende
Ninguém se importa

Não indague por que
Não tire de mim
O que não posso dar
Só desprezo pelo mundo

Não procure alguma métrica
Não acharás rima rica
Nem linguagem de poeta
Nesta vida condenada

Ao marasmo, ao fracasso
Tédio e melancolia
Mas esta é a minha sina
O meu destino sem sol

Sem amor, sem ninguém
Seus olhos vêem apenas
Aquilo que o espelho vê
Apenas a luz de fora

Mas agora a luz é negra
Mesmo que isso não exista
É escuro e tão quente
Podem sair alguns ratos

Não fique tão preso agora
Procurando entre as linhas
Algum sentido escondido
Ou belas frases de amor

A vida que me derruba...
Agora não mudo o foco
Do poema amargurado
Cheio de ódio nas letras

Você sabe, mas não muda
Inteligência, inconsciência
Não aprecia belas artes
Vive na escuridão

E o dedo ainda é nervoso
Nesta noite de novembro
Sem chuva que me aclame
Sem lua que me ilumine

Ao inferno com padrões
Mesmo que ainda os siga
Todas as grades de vento
Condenam todas as almas

Quebrou o ritmo ao ler?
Pare, pense, não critique
Só o que sabes fazer
Por que não aprende a escrever?

Mas este dom não é seu
Este dom nunca foi meu
Um dia posso cansar
De brincar sem alegria

Mas ainda estou no lodo
Delirando em mar de ódio
Se quiser alguma rima
Faça seu destino próprio

Se não sei
Por que escrevo?
Pois já cansei de falar
Que ninguém se importa mesmo

Estou escrevendo pra mim
Mas não um bobo diário
Só relatos de uma vida
Não sei quando irei morrer

E se morresse amanhã
Não estou mudando o foco
O que tanto eu deixaria
Só mais essas letras tristes

Como deixaria muito
Ah! Que vida tão inerte
Não trabalho, não estudo
Só tenho o lápis na mão

E com este lápis na mão
Depois me arrependerei
O meu ódio amenizou
Mas ainda desenharei

EXUMAÇÃO


Um sorriso mais parece um troco
Retribua-me o que te fiz
E se não te fiz nada
Não deves me dar nada

Um olhar abre o oceano
Outrora intransponível
Barcos passam, navios
E perdem-se na linha

Um beijo, papel em branco
E não vai ser escrito
Não vai ser lembrado
Rasgado e queimado no escuro

O que era vermelho é transparente
A estrela maior não brilha mais
O seco em volta quer me ter
Mas ainda sigo no rumo do rubro

A MENINA


A menina triste
Quase esquecida
Dizem estar morta
Mas sei que tem vida

Doenças aos montes
Um desacreditar
Poucos ainda lembram
O que ela já fez

A menina foi feliz
Sei que ela já amou
Já foi mistério em suas curvas
E também já foi bem seca

Menina ou velha senhora
De contornos limitados
Ou às vezes corre solta
Em nosso cavalo alado

Faço um papel de médico
Procuro reavivar
Tratamento alternativo
Ou clássico para tentar

Ela sorri para mim
Mas também tem face negra
Pode até não dar as faces
Quando negro é o coração

A menina ainda vive
Para a minha alegria
Tomara que nunca morra
Que nunca chegue este dia

LETRAS D STRELAS


É lindo ver tantas letras
Belas poesias no anoitecer
De poetas em primeiros cantos
Brilhando com estrelas no palco da vida

Cantando o amor e a revolta
Um amor dos mais sinceros
Mas já entrando em decadência
Cadentes ou ascendentes?

A magia ainda é presente
Mas os corações já sofrem
Com a escuridão ao redor
Não podem luzir em tudo

E a poesia é tão chata
Pra quem tem olhos tão fracos
Que não aguentam tanta luz
E se perdem entre as trevas

"AOS POETAS"

sábado, 5 de janeiro de 2008

TÉDIO



Pôsters na parede
Fotos no vidro do espelho
Suor na cama, mundo frio
Cartas de antigos amores
Uma lembrança de carinho
Olhos para o espelho
Ainda me vejo sozinho

Dias de domingo, não há nada a fazer
Para sair do tédio
Um remédio
A TV
Mas só esta chatice querendo me comover
O que me resta?
Escrever
Alguma coisa para esquecer
Da falta que faz você

Flores mortas nos vasos de estrume
Sem perfume, pétalas secas
Sei que nada irá mudar
Enquanto aqui fico no sofá
Então saio deste mundo
Vejo a vida em um segundo
Posso estar a ficar louco
Então deixem mais um pouco

Não consigo no presente
Não lembrar do meu passado
Poucos planos pro futuro
Vivendo tão entediado
Batendo a cara no muro
Você longe do meu lado

O TÉRMICO



O vento que sopra no meu rosto é quente
O fogo que clama aqui dentro é ardente
E talvez não encontre alguma forma de sair
Talvez exista uma parede de gelo no equador
Talvez eu não saiba o que é amor
Talvez o gelo derreta com mais algum calor

Efervescência da vida
Ainda estou queimando por dentro
Mas não irei aonde vocês queiram ir
O fogo é forte, mas é lento

Você está me deixando confuso
Só te digo o que sinto agora
A mente não aguenta, entra em parafuso
E eu entro no monólogo da hora

E no meio da fria realidade
Pergunto-me para que serve a utopia
Logo vejo o céu escuro da cidade
Por que não amar um pouco a fantasia?

É quente por dentro e por fora
Frio nos outros agora
Enquanto vejo a transição daquela aurora
Lembro-me da ternura de outrora

3, 60, 1440


Já passaram três minutos
Fui de um lado para outro
Nada a fazer
Por que será que estou aqui?

Parado, em agonia
Olhar nervoso
Querendo ver alguma luz
Não há ninguém passando

Atrás das grades dos portões
Apenas pessoas na tela
Cansei de acreditar neles
E ver que nada muda

Mais três minutos
Voltei até aqui
E não vi nada novo
A rotina me envenenou

Triste é a convivência
Não falam nada
Ou só tolices soltas
Cansei da vida fadada
Entediada!

RETO



Cansei de formas perfeitas
De réguas, compassos e transferidores
De retas tão retas
E nenhuma curva

A arte do reto
Seu nome em papel
Não é espontâneo
Preciso e medido

Ditando sua vida
Tornando-te igual
Saia!
Voltando ao estado semi-natural

Não quero movimento
Só letras estáticas
Voando ao ser lidas
Na imensidão da mente

GAROTA DA MINHA VIDA



Garota, olhos castanhos
Profundos e misteriosos
Eleva meus pensamentos
Ilumina minha vida

Um sorriso meigo e tímido
Transparece uma alegria jamais vista
Que me contagia
E me enfeitiça

Cabelos lisos castanhos
Refletindo a luz do sol
Encanta meus olhos a sua beleza

Quem dera garota
Poder te falar
Tudo que sinto
Mas não tenho coragem

Palavras me vêm até a boca
Mas não saem, o medo
De ser rejeitado pela minha
Amada garota me paralisa
E prefiro te ver apenas como amiga
Quem dera garota
Que eu soubesse
O que sentes por mim
Poderia ir ao céu ou ao inferno
Com uma só palavra
Sim ou não
Só você garota
Pode me livrar dessa agonia.

OLHO OLHAR




Muito tenso fico a pensar...

Voce me quer com esse seu olhar,
ou seu olhar quer me comer?

Eu quero olhar voce, e meu olhar
quer ter seu horizonte verdadeiro

O meu olhar olha pra voce, e
voce olha meu olhar.

Querer voce, é voce querer o
olhar que olha voce!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A (INFINITA?) CORDA BAMBA


Sinto-me incompleto
De gente, de coisas
De emoções!
Quero mais arte
Quero poesia
Que não seja a minha
Ela não completa
Apenas preenche
Seu devido espaço
Dentro do meu peito
Dentro da vasta mente

A arte das cores
Ilusão, surrealismo
Salvador de mim
Quero algo assim
Que não seja hermético
Ou preso ao que existe
O que a tela insiste
Em dizer que é arte
A música triste
O tempo degenera
Mas sempre irá ficar
Como a nódoa negra
A ferida, o sangue
Desta geração
Eu quero a nação
Livre do vazio
Que outros veneram
E se degeneram
Na veneração

Aqui jaz um homem
Que na fútil vida
Deixou uma ferida
Em quem o escutava

E ele se foi
Desapareceu
Mas outros virão
Não sei até quando
Com seu feio canto
Com agonia fico
Não aguento, me irrito
Com a inércia das mentes
No seu elitismo
Vendo e não agindo
Pelos trevadores

Mas os ouvirão?
Bate-me a pergunta
Parece uma afronta
A quem não acorda
Pegue, tome a corda
A corda!
E mate-se!

TRASH MENTAL


Qualquer coisa que faça
Hoje será ridícula
No vazio da mente
Coisas perdem-se
Mas não era vazio?
Por que existem coisas?
Viajo sem carro
Dentro de mim mesmo
Sem bela linguagem
Sem a bela dama
Sem um melodrama
Por que deveria?
Lembro-me dos textos
Que li sem cessar
Com seus finais trágicos
Reais, cruéis, duros
Cadê o romantismo
Que há dentro de mim
Onde está o subjeto
Cansei do objeto
Que não é tocado
Por minha feia mão
Telhas e telhado
Cheiro dissipado
Até a foz?
Quantos serão os cometas?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

P...


Nesta fina camada
Há o tudo
Existe o tudo em contraste
Tudo que há dentro de mim
Pedindo para sair
Saindo agora
Mas será que é tudo mesmo?
Talvez seja nada
Nada para todos
Até para mim
Mas ainda sonho
Sonho...

NUVENS


Sou o escultor dos céus
Vejo desenhos nas nuvens
Moldados pelo vento do meu peito
Sopra, sopra sem parar
No delírio do pensar
Na procura de um olhar
Que venha direto a mim
Que me ame realmente
Um olhar de mulher
Incerto, mas se desenhando
Não consigo ver o rosto
Mas um dia encontrarei
Um dia desvendarei
O verdadeiro desenho
Escondido nestas nuvens
Que se desfazem
E se refazem
Na distração de um olhar
Queria encontrar o dela
Mas o dela está distante
Tão distante quanto as nuvens
Que fico a imaginar

ROUXINOL


O que é que você fez
Pra esquecerem de você
Por que ainda se pergunta
Já que nunca te esqueci

Nós perdemos o contato
Eu perdi tudo que tinha
Sempre longe do meu lado
Inteira dentro de mim

Você sabe o que fez
Pra esquecerem de você
Foi para longe de todos
Viajar numa farsa da vida

Por que razão você foi
Para mares tão distantes
Deixando a ver navios
Alguém que tanto te amava

E o castelo foi ao chão
Alicerces de ilusão
Eu que te idolatrava
Vejo-te sumir pelos ares

Eu sei que não sei amar
O amor não tem correntes
Não corta as asas de ninguém
Você é pássaro flamejante
Não se prende a meus limites
Deixo-te voar, rouxinol
Voe para além do sol.

?


(EU REALMENTE ME ENVERGONHO DE AINDA POSTAR COISAS COMO ESSA...)

Sou poeta ou não sou?
Estou a escrever
E nem percebo
Flui como titânio
De cascos de navio
Quando comecei?
A morrer ou viver?
Não sei
Tu sabes?
Não?
Nem
Eu

SONO II


Um cérebro vivo
Em um corpo cansado
Quer continuar
O seu canto inspirado

Rimo pobremente
Miséria nos versos
Mas tão docemente
Com erros dispersos

Não vou suportar
A poesia explodindo
Aqui dentro de mim
Mas o lápis caindo...

ANDARILHO


Já falei do viajante
Falo agora do andarilho
Que está perdendo o trilho
Por um caminho frustrante
Feio, sujo e maltrapilho
Bêbado e ignorante
Um universo sem brilho
Ele nunca irá adiante

Ele não me diz seu nome
Quer seu triste anonimato
Quase morrendo de fome
Sem abrigo e já tão fraco

Senta-se na rua escura
Murmurando na sarjeta
"Por que minha vida é tão dura?"
Eu só ouço na espreita

Quero ver o que se passa
Dentro da mente doente
Pois muito ele me disfarça
Esconde tudo que sente

Homem triste das calçadas
Aonde vai com tua lamúria?
Com pés e mãos calejadas
Onde pensas achar a cura?
Para a vida desgraçada
Que hoje levas a penar
Homem triste das calçadas
De ti não vou mais lembrar...

CANTO DE LAMENTO



Do pouco que quero
Nada tenho
Da vida que peço
Nem migalhas
Do porto ao longe
Nem estou perto
A vida condena
Todas as falhas

Do pouco que tento
Nada consigo
Do nada que tenho
Nenhum proveito
As chances são nulas
Nada feito!
Procuro e não encontro
Algum jeito

Do pouco que vi
Só deslumbrei
Os olhos refletem o que fiz
De tanto amar
Até chorei
Coisa que homem aqui nunca diz
Findarei o canto que iniciei
Da vida sou mero aprendiz.

VISTAS


(Bela poesia para ser a primeira ESCRITA neste ano não?
RIDÍCULA, apenas brinquei com as palavras)

Você foi vista
Com a vista ruim
Depois foi revista com olhos ardentes
O visto quem deu fui eu
A vista era bela
Que visão aquela!
Naquela revista
Depois da revista policial
Mas também fui visto
Tentando tirar o visto
Para te avistar mais de perto...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

BORRACHA!


(Uma imagem tão ridícula quanto a própria "poesia", poesia isso?"

Conheces a piada
Do novo poeta?
Não?
Não direi
Sou eu
Não sou
Não, não, não, não...
Contarei depois
Quando aprender
Mas estarei mudo
E não mais direi

PERDA


Enchi de vazio
A folha sem culpa
Que ela me perdoe
Mas não a perdôo
Perdôo a árvore
Eles não perdoam...

NOSTALGIA



Queria ver-te mais uma vez
Sem saber o porque
Só para te ver
Só mais uma vez

Pois nunca me despedi
Tu saíste em disparada
Sem me dirigir palavra
E eu nunca mais te vi

Por um longo tempo curto
Te via todos os dias
A amada da minha vida
Agora só imagens furto

Talvez não tivese armas
Talvez não tivesse balas
Só a pólvora no peito
Queimando por minha amada

Amava-te com agonia
Amo-te com nostalgia
Só lembrando tuas palavras
Que tanto me contentavam

E mesmo passados tempos
Algo aqui ainda me diz
Que te amo com mais força
À loucura por um triz

Apenas uma coisa sei
Isto ninguém apagará
Amo-te para viver
Vivo para te amar

LEMBRANÇA


Amante das flores, da lua
De pernas quebradas
Com a lembrança tua
Não tenho mais asas

À noite se fortalece
Meu amor por ti esquecido
É mais forte que a prece
Dos que morrem tão sofridos

Os olhos ainda não fecharam
Mesmo nessas altas horas
Eles nunca imaginaram

Que você iria embora
Eles sempre acreditaram
Que aqui estaria agora

GOTAS


Agora olho este pedaço
De papel meio molhado
Um rio pelo meu rosto
Gota a gota do sofrer...

POESIA


Será que algum dia na vida
Conseguirei eu fazer
Uma bela poesia
Para minha amada ver

Tento dizê-la as palavras
Mais sinceras deste peito
Mas ele é pobre de tudo
Algo com a razão ajeito

Sou pobre poeta pobre
De palavras e emoções
Ainda com a alma nobre
Mas cheia de arranhões

Quero que, amada minha
Esperes até o esplendor
Do poeta que começa
Escrevendo amor e dor

Mas se o esplendor chegasse
Teria eu tanta coragem
De mostrar-te a poesia
Fazer a insana viagem
Correr risco de perder-me
No teu coração chegar
Penetrar teu doce cerne
Ver terras de além-mar
Tu verias que o amor queima
Aqui dentro a poetar

SÓ ISSO


Um sentimento confuso
Que eu sinto por você
Só vivo por te amar
Tu só me fazes sofrer

Finges que eu nem existo
Trata-me com indiferença
Hoje nem fala comigo
Sinto tanto a tua ausência

Até tua amizade perdi
Nunca fui mais que um amigo
Estás tão longe de mim
E não sei viver assim

Basta uma palavra tua
Pelo menos um olhar
Para que eu ganhe meu dia
Sem nem mesmo te ganhar

Tenho que me contentar
Em te ver sem te tocar
Olhar tua boca...
Nunca irei beijar
Olhar teus olhos...
Nunca os meus irão cruzar
Olhar teus cabelos
Soltos na brisa do mar
Só isso posso fazer
Te amar e te amar

SEM CÉU


Celular
Célula
Célula
Celula
Celular
Célula
Sem nada
Cérebro

Celular
Descelula
Célula
Sem nada
Cérebro

VENDAVAL


Depois do vendaval
Agora ele vai
Levando você
Pra longe de mim

Veio como brisa
CHegou de mansinho
Nem sequer avisa
E me deixa sozinho

Veio como brisa
Amor por você
Quando percebi
Estava a me perder

Veio como brisa
Admiração
Depois fortifica
Vira furacão

Amor embalado
Nas asas do vento
Sussurra no peito
Depois é tormento

Perfume de rosas
Brancas como a neve
Chegou pelos ares
No coração ferve

Depois vem a chuva
De rosas vermelhas
Molhado da boca
Já acorrentado

Vento das estrelas
Varreu pó do peito
E agora é neblina
Só o vento frio

SAPIENS SABIENS


Máquina pensante
Animal no cio
Desejos carnais
Atacados por vírus

Tudo em circuito
Fuido, graxa na veia
Sem graça na areia
Visão sem cores

Chips de carbono
Hora certa no relógio
Tarde, noite, não existe
Sempre com esse ohar triste

Riso de hiena
Grunhir de porcos
Se perdendo na razão
Metódicos na paixão

Sou apenas sabiá
Pelo menos sei cantar
Sou uma espécie a sumir
Canto sem ninguém a ouvir

ILUSÃO

Pálpebras pesando
Sono me tomando
Nesta fria noite
Algo me seduz
Ainda me mantém vivo
Reluzindo algum vício
Nestas minhas noites solitárias

Prostrado e iludido
Isso não é real
Que mal faz?
Sei, mas não mo diga
Ainda me distrai
Porque a vida é grande
Grande como eu
Pequeno homem grande
Uma ínfima parte

VIAJANTE


Por que continuas a andar, viajante?
Perdido nas tempestades de areia
Desse deserto de letras
Por que ainda não parou
E agora mesmo ainda caminha?
Seu deserto não é quente
Seu deserto não é frio
E nada surge de bom nessa imensidão
Por que mesmo cansado e ridicuarizado
Ainda percorre esses campos de areia?
No deserto não há noite nem dia
Então por que, viajante
Por que ainda caminhas?
Não verás pôr-do-sol
Não verás anoitecer
Estás só e mal amado
Tem sede, mas não há água
Por que, viajante, ainda caminhas?

DIAMANTE

Por trás deste véu
Dos castanhos cabelos
Esconde-se o mel
Doce dos teus beijos

Não, nunca revele
A quem não mereça
Teu manto de mistério
Não deixe que pereça

Não percas o encanto
Em braços tão frios
Nunca te amarão
Como hoje te amo

Deixe o sol brilhar na face
Sinta o puro sentimento
De um amor que te enlace
No calor aqui do peito

Mesmo que agora longe
Quero que sejas feliz
Teu sorriso é meu sorriso
Aquilo que eu sempre quis

Mesmo que longe de mim
Não esqueças seu amante
Pobre ser que ainda te ama
Minha dama de diamante

VIVIDANAOVIVIDA


A vida não vi
__________vida?
O ar que respira
_______ expira
___Amor existe?
_________________Não
____Em poucas vidas vividas
________O raio é de todos
___Mas aquece poucos
______________Flores murchas
_____Muitas arrancadas
________Dor de não sentir dor
____________Sentes?
_____Não amar...
______________Corpo de luz
______________Escuro na veia
______________Medo de amar
_____Ridi
____Muito culo
________________Mas quem ainda é flor
______________________Tem fim como todos

VIDAS SECAS


Rio prateado pranteando
Uma lágrima perene
À luz do luar
Nossa vida
Em tuas águas
Agora estamos morrendo...

E tu secas dia-a-dia
A essência deste povo
Levando o verde da mata
Levando o sangue dos mortos
Penando, sofrendo
Secando...

FRANCO OU REAL


País das mil maravilhas
Sem saber direito a trilha
A seguir para crescer
Na de morrer já está

Este país tão imenso
Dimensões continentais
Perdido no próprio senso
No senso dos comunais

É o país do estereótipo
Da riqueza escondida
Nos bolsos de algum exótico
Esperávamos a lida

As semanas vão passando
O céu ficando mais cinza
Igorância transpassando
Em frequência progressiva

Um país entregue às moscas
Futebol, samba e mulatas
Que alegria ainda exalta
Sem saber mesmo porque

E este é nosso país
Que ainda conserva beleza
Com lama em vez de sangue
Destruindo a natureza

CALLABRASIL



A carne quente, a sangue frio
Amor vazio, ilusão pré-potente

Imagino nossa gente, toda
a se perder,

Queria poder julgar, ou ensina
a ética moral e ajudar

Para com o mal, saber lidar,
E nossa gente sofrida saber pensar.

0


Agora não vejo nada
Nem a lua apareceu
Olho pro céu sem estrelas
Dizendo um último adeus

Olho para a triste casa
Tão cheia de cifras, contas
Tão vazia de vida
O dinheiro me amedronta

Agora não penso em nada
Meu olhar se perde ao longe
E escrevo sem emoção
Tão tranquilo quanto um monge

Olho os olhos desta gente
Que talvez não compreenda
Minha poesia contraditória
Tão bela e tão horrenda

Agora não há mais nada
E até o lápis desiste
Do poema inexpressivo
Até ele está triste

Porque não me vem mais nada
E os olhos estão opacos
A alma emudecendo
Acordes ficando fracos...

INFAMANTE


Não sou muito
Não sou pedra preciosa
Não sou ser de outro mundo
Não me veja como rosa

Não diga que sou poeta
Não valoriza demais
Essas letras infelizes
Essas frases triviais

Não me diga que sou tudo
Não, não minta tanto assim
Sou só perdido no mundo
Não há caminho pra mim

Não me diga que isso é belo
Não, não diga que é divino
São apenas alguns versos
Alguns versos de menino
(Por que eu escrevo coisas deste jeito hein?)