segunda-feira, 31 de março de 2008

NOITE POÉTICA

Noite na praça
A poesia emerge
Da subterraneidade
Do asfalto da cidade
Do chão vazio
E faz estes terem vida

Noite na praça
A poesia desce
Graças do céu
Da lua poetisa
Das brilhantes estrelas
E destes exalta a vida

AS IMORTAIS

Sou um poeta pequeno
Tenho pequenas poesias
Mas se eu não as fizesse
Diga-me: quem as faria?

Porque talvez eu seja
O porta-voz das pequenas
E tenho que escrevê-las
Pois elas querem nascer...

NOITE

Noite de novo
Noite vaga
Lua nova
Nesta noite
Nada é tudo
Tudo é nada

LIBERDADE II

Ao mesmo tempo que afago
Levo a corrosão
Em palavras fortes
Talvez não devesse ser poesia
Mas alguém sabe o conceito?
"O que diabos há de absoluto neste mundo?"
Nem a poesia, Machado
Nem a poesia...

Quantas escolas a moldaram
Regraram, retilineificaram
Sou influência de tudo
E libertação de tudo!

CRIANÇAS

A menina que passa
No seu caminhar sensual
Tem saias e seios
Pura e virginal...

A menina-objeto
Em seu universo pequeno
Pequena meretriz
pequena, pequena...

Suas mãos não têm calos
Porém não têm rosas
Você esqueceu das flores?
Ó mundo de horrores!

Menina-volúpia
E eras criança de antes
Antes quando?
Quando deixastes de ser
Tens mente-criança
Cabeça-criança
Mas entras na dança!

A RUA

Caminhei como um autômato
Nem vi o que se passava
Na rua por qual cheguei
Era um rua ou uma estrada?

Levei alguns sustos
Mas não tinha noção
Do tamanho da rua, sua dimensão
Quase não vi nada

Quase não senti nada
Mas a rua tinha pedras
E muitos vinham comigo
Poucos iam pela ladrilhada...

Mas eu sei que andava vestido
E placas no caminho
Diziam-me o que vestir
E também o que pensar

E eu pensava
Pensava que pensava
Mas "não sabia de nada"
E indiferente andava

E a rua era bonita?
Nem sei, talvez artificial
Artificial beleza
A rua era poluída...

Lembro-me que havia esgotos
Dos dois lados da rua
E todos viam suas mágoas
Sua miséria, ninguém se importava...

Caminhei como um autômato
E nem vi o que se passava
Na rua por qual cheguei
Era uma rua ou uma estrada?

segunda-feira, 24 de março de 2008

AZAR!

Revés, revés, outro revés
Pequenos insucessos de todos os dias
Se agigantando...
Consumindo a vida
O lápis quebrou-se, a cama quebrou-se
A Tv quebrou-se (talvez seja bom)
Os fones estouraram
Onde está a música?
O disco quebrou-se...
Quebrou-se o violão
Faltou energia
Cãimbra na panturrilha
Dores de cabeça
Faltou gasolina
Acordei atrasado
Não dormi...
O livro molhou
O pneu furou
O carro bateu
A mulher insultou
Ninguém me cumprimentou...

Caí no chão
Levantei-me, topei
A calça rasgou
Um pombo voou por cima e...
Revés, revés, outro revés!

Ainda bem que poesia
Não necessita de sorte!

O ANIMAL

Da janela do carro vi
Um homem maltratando um animal
Torci pelo animal
Para que reagisse
Mas depois me perguntei:
-Quem é o animal?

LIBERDADE

Romantismo é crime?
Ainda posso cantar o amor?
E fazer sonetos?
É clássico demais?
E rimas, ainda posso?
Mesmo nesses tempos?

Respondo a mim mesmo
Porque minha poesia
Tem nome Liberdade
E escrevo o que quero
Na hora que quero
Da forma que quero
Só o que não faço
É decassilabar versos
Faça-o quem quiser!

Moderno senhor romântico
Romântico jovem moderno
Nem sei se possuo o dom eterno
Mas continuo com meu cântico!

PARA QUE SERVE A POESIA

Para que serve a poesia?
Para expressar sentimentos?
Reflexões? Pensamentos?
Percepções? Imaginações?
Ou simples visões
Destes corriqueiros dias?

Para que serve a poesia?
Para impressionar a quem se ama?
Para dar voz a quem clama?
Para aparentar cultura?
Exaltar a amargura
Destes corriqueiros dias?

RESPIRAÇÃO POÉTICA

Inspirar visões, sons
Cheiros, gostos, toques
Expirar as letras
Respirar: poesia!

sexta-feira, 21 de março de 2008

EU

(POESIA NÃO NOSSA, MAS DE UM AUTOR PARNAIBANO, ALCENOR CANDEIRA FILHO, EU ESTUDEI LÁ NA ESCOLA QUE TINHA O NOME DO PAI DELE, TERRA DE POETAS, "AMADA PARNAÍBA", BEM LEGAL A POESIA)

Eu sou aquele que anda a percorrer
Em vibrações urentes, longa estrada
Desejando, por tudo, conhecer
Para onde vai, de onde veio, - passa a cada

Aquele em cujo peito faz morada
A confusão entre o não-ser e o ser
Aquele que prossegue na escalada
Só convencido de que irá morrer

Sou aquele que traz nas árduas lidas,
Tão misteriosamente confundidas,
Noite pós noite, manhã pós manhã.

A sublime pureza de um asceta,
A desvairada descrença de um poeta
E a impetuosa volúpia de um Don Juan.

COMO FOI

Assim foi, você me conquistou
Foi assim que voce propos amor
Assim foi, indo, indo, indo...
e,
Foi assim que, derrepente
TUDO ACABOU!

Tapado

Eita vida...
e é a vida,
e ela vai, vai, vai...
levando..
vai..
vai...
.......
........
........., Ei Me espera!

A DOCE VIDA (DELES?)

Enquanto eles somam
Contabilizam
Todos os prejuízos

Eu irei à praça
Fazer poesia
Viver poesia
Em tua companhia

Enquanto eles
"Bebem a imaterialidade"
E escutam ruídos

Eu irei à praça
Fazer poesia
Viver poesia
Em tua companhia

Enquanto eles tratam
Mulheres como objetos
E há aceitação

Eu irei à praça
Fazer poesia
Viver poesia
Em tua companhia

Dirão-me vagabundo
Lunático de sonho
Mas só os proponho
Uma vida de vida

Enquanto eles fazem
Jogos de aparência
E subserviência

Eu irei à praça
Fazer poesia
Viver poesia
Em tua companhia

quarta-feira, 19 de março de 2008

HISTÓRIA


Uma crise, uma decadência
Mais uma vez eles caem
Mas ficarão na história
Documentada a glória
Mesmo que não-duradoura
Outros sistemas e idéias
Outras mentes, outras letras
Ficarão nas bibliotecas

Mais um traço nesta linha
Outras armas, outras lutas
Revoluções gloriosas
E a nossa nem começa...

Cérebres homens e frases
Bandeiras e estandartes
Levantando o ideal
Com exclamados dircursos
Lembro-me de águias e ursos
De guerras e militares

Vivamos a nossa história
Façamos a nossa história
Mudemos as estruturas
Extirpemos a censura
Lutemos, lutemos
Lutemos agora!

segunda-feira, 17 de março de 2008

PINTURA

O horror do mundo
Visto de um ponto
O grito!
Adoro pinturas
Que me digam algo
Porém não me mostrem
Natureza morta
É morta demais!

ISABELA

Por um mero acaso
Vi, e era ela
De tempos longínquos
A bela Isabela

Eu vi-a na rua
Nos cumprimentamos
Éramos amigos
Nos distanciamos
E assim é que vivem
Os pobres humanos

Temos pouca vida
E a ela não damos
Um real sentido
Por mais que sintamos
E nada é vivido
Tudo vem com planos
Desde um doce beijo
Aos atos mais insanos
Nada tem magia
Tudo é em demasia
Absurdamente banal

Absurda isometria
E eu vi que era Isabela
Vi-na e fiquei pensando
Em todas essas coisas
Em nossos mundos trancados
E nos corações tirados
Vocês sabem bem por quem.

HERANÇA

Para a maioria, aparentar
Não vêem beleza
Na rica singeleza
De um sincero olhar

Foram "educados"
Desde o princípio
A seguir o vício
Herança e herdados

Condenem a mim
Meus generalismos
E meus incertismos
Porém no jardim
Muitas mortas flores
E outras incolores
Pré-dizendo o fim

sexta-feira, 14 de março de 2008

TRISTE

Rostos abatidas
Lágrimas nos olhos
Um vai para um lado
Outro vai

Perdem-se na rua
Saídas infinitas
Cobre-lhes a noite
Antes os lençóis
Vagueiam em triste
Na cidade triste
Quebram-se os elos.

FULANA

http://missdevil.blogs.sapo.pt/arquivo/Grounded-thumb.jpg

Tão linda
Tão bela
Tão fina
É ela

Sob teu seio
Uma frágil flor
Sob tua roupa
Uma intensa dor

O mundo hipócrita
Só desejos carnais
Não vêem forma interna
Jamais

VAIATI SECO
VEMDETI ÚMIDO

NOBRE AMOR



Em busca da musa
O poeta encontra inspiração
Escreve e usa
As forças do coração

Vagabundo?
O amor não
E o poeta...?

sexta-feira, 7 de março de 2008

NORDESTE

Ah, estas águas daqui
Nossos rios Nilos
Parnaíba e São Francisco
Dois velhos...
Passando na terra seca
E cheia de fé

Nossos velhos, homens valentes
E nossas sábias senhoras
E estes meninos brincando
Por entre as pedras, sonhando...

quarta-feira, 5 de março de 2008

OS AMIGOS

Sentados na praça
Conversam, poetam
Os amigos
Divagam, discutem
Alguém a passar
Atrai o olhar
Dos amigos
Um lápis, papel
Mãos de juventude
Cérebro de arte
Coração de pássaro
Dos amigos
Levanta e escreve
Pega do papel
Pega da magia
Que é a poesia
Escreve deitado
Ébrio mal-amado
Escreve temores
Escreve os amores
Dos amigos

CONTEMPLAÇÃO

Que sorriso! Que olhar!
Que maravilhosos olhos...
E eu não irei cansar
De admirar aquele olhar

Pois os olhos, meus caros
São as janelas da alma
Como dizia o Poeta

E eu repito a toda hora
O mais belo desta vida
(vida de olhos opacos)
É o brilho daquele olhar

GRANDE CIDADE QUALQUER

(Oh, desculpem-me os fãs de C. Drummond por esta paródia sem inspiração)

Casa entre casas
Mulheres entre as ruas
Deserto ódio exibir
Um homem vai rápido
Um cachorro vai... morrendo
Um burro... não vai
(Uma moto cai)
Rápido! As janelas blindadas olham
Eta vida besta, meu Deus.

terça-feira, 4 de março de 2008

SONHO

Fugi
Tranquei-me
Fiz poesia
Libertei-me

PARDAIS E DRAGÕES

Vieram os pardais
Vieram os pombos
Vieram os falcões
Vieram as águias
Vieram os dragões
E queimaram tudo...
Hoje vêm os urubus...

PERTO DE UMA CRUZ PESADA

Perto de uma cruz pesada
Sempre há o negro
Das velas alvas
E o pranto dos miseráveis
Crendo nas estátuas
De pedra fria
Escultura é arte
Só ela é bonita.

ABSURDO

Risos para todos
Palmas para todos
Para todas as frases
Imbecis, os três
Tenho apenas pena
E um livro na mão
Este sim, gigante
Este sim, pensante...
Mas sou considerado
The lunatic

AMOR MODERNO

Primeiro química, depois física
Depois letras, depois fórmulas
Depois... teus olhos
E junto minhas letras
Os dois no papel
Teus olhos são lindos
Minhas letras... horríveis
Ah... mas são minhas
E eu as entendo
Eu as te dedico
Mesmo em tempos modernos...

TIMIDEZ II

Distanciam-se de mim
Nem ao menos sei porque
Mas talvez até saiba
Deixam-me sem ninguém
Deixava-as também
Sou confuso demais
E mistérios rondam tudo
Mistérios rondam meu mundo
Ninguém sabe o que me faz
Como sinto a palavra
Que me é dita, jogada
Universo em retração
Porém pulsa o coração
Ainda há uma flor na mão
Não sei se receberão