sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A JAULA


Puseram o indivíduo numa jaula
Por descuido, nela ficou a chave
A porta poderia ser aberta
Pois o indivíduo tinha olhos abertos...

Mas veio o mundo que o rodeava
As vozes e sombras lhe sussurravam:
"Você é cego, mudo e aguenta tudo!"
"Você é cego, mudo e esta é sua vida!"

Então o ser que tinha olhos abertos
Acreditou mesmo que era cego
E nunca pôde ver a sua chave...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

LIBERTAS QUAE SERA TAMEM


Veja estes loucos homens discutindo
Suas pobres verdades absolutas
E eu, que assisto à cena irresoluto
Medito sobre a luz que não se curva

Melhor é ter a mente aberta e livre
(Mesmo sabendo: fruto de influências)
Do que tão impregnada de mentiras
Que conduzem a vidas algemadas

Melhor amar e seguir rumo ao sol
Fazer felizes outros e a si mesmo
Ter consciência e boas amizades

Melhor amar as artes e as mulheres
Tentar um mundo mais fraterno e justo
Sem destilar o ódio e a escuridão...

DERIVA


Disperso das coisas do mundo
Pairando em meio ao relento
À deriva o barco ainda vai
Sem saber se há alguma terra...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

AOS AMANTES DAS AREIAS

Na areia da praia, perto do mar
Uma lua minguante a iluminar
Beijos adocicados e ardentes
Olhos e bocas a se encontrar

Meu corpo nu junto ao teu a rolar
Noite de sonho e pura inconsciência
Meu amor, meu fervor, sob o luar
Toda a união do corpo e da essência

Depois do amor, nas águas mergulhar
No balanço das ondas, dar-te um beijo
Voltar à areia, um vinho tomar
E dormir como anjos, sem pesar...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

NÓS DA FÉ II


O fogo ateado queimou tantos, tantos
A hipocrisia, o dogma, o poder
A alienação que acometia o ser
E não havia pena daqueles "irmãos"
Tantos padres, sacerdotes, sacristãos
Uma mente escura sob alvos mantos

Verdade absoluta, não minha
Condeno, protesto, insulto
Nunca farei semeação desse fruto!
O ópio, a mentira, ordem vigente
Que tanto sombreou a mente...
Creio em Deus, não na instituição mesquinha!

NÓS DA FÉ I


Por que irei louvar a Deus
Nestes seus templos de pedra?
Eu ainda acredito Nele
Mas se Ele é onipresente
(Como todos vocês falam)
Por que então teria uma casa?

Por que vocês arrecadam dinheiro?
Para que tanto exagero?
Tanto fundamentalismo
E vidas tão limitadas
Por causa de um culto?

A casa Dele é o universo inteiro
E de todo o universo
Poderei eu rezar
Ele não me escutará?

Se Ele é pai de todos
Por que os não batizados
Não crismados, não casados
Já estarão condenados?

Vocês nunca questionaram
Pois desde que eram fetos
Já tiveram em suas mentes
Todas as "verdades absolutas"
Destas pífias religiões

Sabem como elas nasceram?
Melhor saberem, irmãos
Não fiquem na escuridão
Neste desreipeito mútuo

Melhor saberem, irmãos
Pois só o amor é verdade!

VAGÕES VAZIOS

Dias inteiros vazios
Pessoas passam por outras
Com amesma velocidade
Trens-balas pelas ruas
Com seus sentimentos
Fechados nos vagões
Onde estão as emoções
Deste mundo sem freios?
A
LI
ÁS
UM
FREI
O
A
MOR
TE

***

E então, de repente
Vê-se ao raiar do dia
No meio da selva cinza
No mieo dos out-doors
No meio dos carros loucos
E da velocidade
Um ponto parado
Um ponto de cor
Cinco pontos
Cinco pétalas
A flor do mundo
A flor dos poetas
A Flor

O QUE JÁ FIZ

Eu vi o que já fiz
Será que era bom?
Só sei que a luz se fez
Posso ter errado o tom

Não sei o que fazer
É triste meu viver
O sol nasce e se põe
Sempre na mesma hora
Mas não quero esquecer
Aquilo que já fiz
Faz parte do meu ser
Feliz ou infeliz

HAICAI IV

Capta, capta, capota
No fim nada tem
Mas nunca sossega

AS FRONTEIRAS

Eu sou nacionalista
Mas minha nação é o mundo
Deus não fez fronteiras
O homem as fez
E as nações, meu caro
Lutam tanto para superar as outras
Arrecadam, matam, bombardeiam
Boicotam, embargam, evitam
Tem raiva das estranhas...
Guerras, superávit, comnpetição
Mas somos da mesma nação!
Deixem apenas os esportes fronteiriços...

NÓS US-A (MA)MOS


Temos impresso nas camisas
"Harvard university"
Temos impresso nos bonés
"NY (New york City)"
Temos impresso nos ouvidos
Todo o hip
Todo o hop
Todo o swing
E todas as letras
Que não entendemos
(Esqueci de falar da Coca?)
Esqueci de falar dos ossos
Que agora estão aos cacos

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

QUALQUER COISA

Como dá-se um homem destes
Que não se encontra na vida
Que na vida não encontra
Qualquer coisa que o alente
Qualquer coisa que o alegre
Como vive um homem destes?

Como dá-se um homem destes
Que não se encontra na vida
Que na vida não encontra
Qualquer coisa que reavive
O brilho dos seus olhares
Como vive um homem destes?

Como dá-se um homem destes
Que não se encontra na vida
Que na vida não encontra
Quatro versos diferentes
Para fazer um poema
Será? Vive um homem destes?

ASAS QUEBRADAS

Crianças e jovens abandonados
Colapso nas gerações
Mentes deturpadas tão intolerantes
São flechas e flechas nesses corações

Jogados de um lado pra outro
O mundo em constante vertigem
Solidão, multidão nessa grande cidade
Falsa alegria resulta em prantos

São poucos que escapam
Dessa decadência, influência
Direcionada ao poder da lente
As cordas quebraram e nada mais serve

O lápis quebrou e a tinta acabou
Diálogo triste em bocas perfeitas
As novas sementes germinam tão podres
Os anjos já nascem com luz apagada.

LUZ

Agora, meus caros
Ela está tão longe
E não irá voltar para meus olhos
Que brilhavam ao vê-la
Faiscavam...

Agora, meus caros
Não há timidez
Hoje só saudades
E ela está tão longe
Ela nunca soube...

Agora, meus caros
A roda da vida girou
E me deixou sozinho
Assim como antes
Agora sem luz...

APOCAPITALIPSE


Viveremos sem porquê
Só para juntar tesouros
Entregando-se a mitos
A templos e ilusões
Dissecados e dementes
Paz será um termo esquecido
Agarrar-se-ão à Deus
No auge de desespero
Mas religiões são inúteis
E só trazem a mentira
Quando o caos dominar tudo
Nossa extinção será boa

***

Nossa extinção será boa
Deveremos ser cuspidos
Pois profetas foram ouvidos
Pensadores pouco foram

Igualdade é algo ruim
Todos querem ser maiores
Sem saber que este desejo
É o que os torna piores

Não é tempo de utopias
Que domine o ceticismo!
Pois nossa vida é tão boa
E melhor é o egoísmo!