quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Nada


Cansaço de caminhar rumo ao nada.
Sempre era assim.
E o cansaço não era fraqueza do corpo.
Era fraqueza que vinha de dentro de não sei de onde, bem dentro.
Dentro do mais profundo poço da alma.
No começo embevecia-se. Num misto de êxtase e euforia.
E depois.
Depois vinha a parte ruim.
Percebia o imperceptivel.
Mas agora era o obvio. Tão obvio.


Cansaço de caminhar rumo ao nada.
De querer encontrar um sorriso que pudesse contar em suas alegrias.
Um corpo que transmitisse ao seu, um mínimo de calor nos dias frios.
Mãos que tocassem o seu rosto em meio as incalculáveis tristezas.
Palavras alegres.
Palavras tristes.
Palavras bobas.
Palavras apimentadas.
Nada disso era possível por completo.

Cansaço de caminhar rumo ao nada.
E agora.
Agora que a certeza já invadira porta adentro
Nada de predispor-se.
Não mais.
Nada de êxtase
Nada de euforia.
Agora apenas o nada vestido de alguma coisa boa que finja trazer uma felicidade traiçoeira.
Agora apenas o nada.

Fernanda Paz

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