sábado, 14 de novembro de 2009

Consolo aos que insistem















Tempo que não passa, tempo que não volta nem por um decreto
Tempo morno, frio, inconstante,
Muda a toda hora o tempo
O grito dos aflitos ainda me encanta, ainda me chama
O silêncio das minhas cordas vocais me pisoteia todo santo dia
O que faz você ai sentado tolo?Por que não participa da guerra com teus irmãos?
Tantos ombros, tantos choros, tantos por quês
Por que tanto ainda me resta saber?
Que de todas as vidas que vi passar diante de mim apenas a minha me fez assim
Demorou tempos para que este que vos murmura percebesse quão vaga estava sua linha do tempo
E quão vazias eram suas mãos
Ao longo dos dias, contados aniversários, percebe-se a tristeza de alguém que se vai pouco a pouco, no escuro de seus pensamentos
E que se perde na existência da melancolia
Que aprende a cada dia que o sangue derramado em batalhas é o vinho dos futuros lucros da vida
E que os covardes se escondem por traz do sacrifício dos heróis
Contando os passos e calculando suas mentiras
Tantos dias, tantas noites, tantos mortos
Para que no fim todos tenham um minuto de silêncio
Tantas ruas, tantas estátuas, tantas velas
Para que no fim alguém seja lembrado
Muita arte o que querem, muita arte para poucas mentes
Muita gente para pouco mundo, muito mundo para poucos artistas
Muita morte para pouca vida
É de natureza vã amar
É de insistência tola conjugar o verbo sem que ele exista
É de interesse de todos que desapareça
E é interesse de muitos, que viva
Mesmo que insista, mesmo que minta.

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