domingo, 28 de março de 2010

Inerte


Descuidoso

Por muitas vezes.
As que intensificam a vontade ir.
Pra longe. Sem volta.

Desmedido
Por algumas horas.
E essas poucas
São maiores que todos os meus desejos maiores.
São imprevisíveis, incalculáveis, inestimáveis.

E eu inerte.


Fernanda Paz

Peço silêncio















Shiiiiiiiiii!
Silêncio,
Se continuar gritando irá acordá-los.
Foi difícil fazê-los dormir.
Agora que descansam na cama que preparei,
É justo que tenham o sono merecido.
Afinal de contas são quase 15 anos de tormento.
Noites, dias, tardes
Nenhuma hora era o suficiente para cansá-los.
Deixe-os recuperar o tempo perdido.
Afinal foram quase 15 anos de tentativas incessantes de me fazer viver
Ou de me tentar a chorar.
Deixe que sonhem com o dia em que dará tudo certo.
E que logo irei abandoná-los.
Deixe que pensem que não preciso mais deles.
Afinal, os carreguei no peito a vida toda
E sempre que necessário, os agarrava para banhos de lágrimas.
Não quero que acordem assustados, pensando que já acabou.
Deixe que pensem que não pretendo voltar a vê-los.
E que não pretendo voltar a ser deles prisioneiro.
Deixe a Solidão, a Angústia, os Pensamentos, o Amor e os gêmeos: Vontade e Querer
Dormirem por mais uns 10 minutos.
Nada mais que isso.
Pois logo pretendo acordá-los.
Para lhes dar o alimento do mês.
E como tem sido a tanto.
Que comece tudo outra vez.

                                             (Halifas Q.B.)

No Campo



















É sempre uma batalha esperar.
É sempre uma tortura suportar tamanha exatidão do tempo
É sempre um milagre acordar.
Nessa batalha não existem armas, nem morteiros
Apenas o objetivo da conquista de um território alheio.
Invadir sua imagem, isso sim é errado
Plagiar seus traços
E copiá-los em minha mente
Fazendo-os verdadeiros quadros de tinta óleo,
Que escorre via testa.
Na confusão das lágrimas, meu cérebro não enxergou seus olhos.
No momento,
Ti ver em carne apenas uma vez na vida
Me fez perceber que estou em constante luta contra o acaso
A glória na guerra é ter sangue nas mãos e não saber de quem é.
Pois não me lembro de estigmatizar meu corpo,
Muito menos de fazer sangrar teu coração.
Mais o que me importa no momento,
É a bandeira erguida no alto dos sonhos.
Não tem brasão, nem cor.
É algo parecido com o nada, enfeitado com alguma beleza, com alguma poesia.
Em essência, é apenas um momento nas minhas loucuras
No todo, é a primeira vontade do meu coração.
Talvez um dia eu receba uma medalha da vida
Por qualquer coisa que eu tenha feito em ofício.
Por honra,
Por amor,
Ou por simples sacrifício.
                                                           (Halifas Q.B.)

sábado, 27 de março de 2010

Poema pequeno


Me escrevo
Me leio
Me apago
Me reescrevo
Me despercebo
Me calo

Não caibo no poema



Fernanda Paz

Mais? www.libelulapaz.blogspot.com

segunda-feira, 22 de março de 2010

IPT1

RELI TODAS AS MENSAGENS,
LEMBREI DAS NOSSAS CONVERSAS
E NADA TROUXE VOCÊ PRA MIM.

JÁ ME DISSE PARA MIM MESMO,
JÁ FALEI PARA VOCÊ
QUE NÃO É VOCÊ QUE VAI TIRAR VOCÊ DE MIM.

OLHEI SUA ÚNICA FOTO,
SEI QUE VOCÊ É ÚNICA
E NEM MESMO ASSIM.

EU SEI QUE DISSE TUDO
MAS NÃO SERVIU DE NADA,
NADA TROUXE VOCÊ PRA MIM.

JÁ ME INTERNEI TANTAS VEZES
EM MINHA MENTE DE TRATAMENTO
MAS VOU CHEIRAR VOCÊ ATÉ O FIM.

NÃO QUERO LHE COMPARAR COM DROGAS,
DROGA ESTÁ É MINHA VIDA
MAS NEM MESMO ASSIM...

FAZ TANTO TEMPO QUE ESPERO,
JÁ ENTREI EM DESESPERO
E VOCÊ NÃO TEM PENA DE MIM.

ENTÃO VÁ PRA PUTA QUE A PARIU,
VÁ PRA CASA DO CARALHO,
SÓ NÃO VÁ SEM MIM.

No íntimo, mentiras


















Ei!
Preciso lhe falar das mentiras que encontrei.
Guardadas num quarto escuro, submerso na minha alma.
Eram retratos escritos de vontades incontroláveis
Que pensei serem verdades.
Ei!
Eram todos papeis escritos à mão
Com tinta vermelha e indignações transparentes.
Meus olhos tremeram ao sentir tamanho pulso
De um coração sangrado, mudo.
Ei!
Preciso lhe falar do que vi
Era um livro cheio de desejos
Lotado da caligrafia minha
Mas que nada tinha a ver com a verdade, porque de verdade nada tinha.
Sim.
Estava enterrado em uma ferida
E li no íntimo das primeiras páginas
Frases sujas, dotadas do nada que me afligia
Eu não amo, eu não quero, eu não desejo...
Eu te tenho, eu não te espero, eu me obedeço
Eram tantas heresias que fechei o livro logo no começo.
Não vi o fim.
Vi a capa, que era um espelho.
Embaixo da imagem, um poema ligeiro:
“eu comecei; do fim nada sei, pois ainda não existe meio”
EU QUE NÃO DESISTI NENHUM INSTANTE,
DESISTIRAM DE MIM BEM ANTES
E HOJE EU ABRACEI TODO MUNDO
MAS NÃO SENTI NINGUÉM.

NÃO É EU NÃO QUERER COMER
QUE VAI ME DEIXAR DOENTE.
NÃO É PORQUE ELA FOI EMBORA,
É O FATO DE EU A SENTIR AQUI COMIGO NÃO SER SUFICIENTE.

MEUS MONSTROS SÃO BICHANOS
QUANDO VEM A NOITE(SONO SIM, SONHO NÃO).
MINHA RESPIRAÇÃO VIRA UMA PIRAÇÃO...

CHEGOU O TEMPO DO NADA,
DO TUDO ENRUSTIDO.
NÃO ADIANTA O QUE IMPORTA,
NÃO DEIXOU DE FAZER SENTIDO,
É QUE JÁ ÑÃO FAÇO MAIS SENTIR...

DEIXEI DE SIGNIFICAR
PORÉM NÃO DEIXO DE FICAR
SENTINDO FALTA
COMO DEIXEI DE FAZER FALTA

E AGORA NÃO ME FALTA MAIS NADA
PRO NADA QUE EU TENHO,
PRO NADA QUE EU SOU.
EU SOU MELHOR NO QUE É PIOR PRA MIM.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Areia e mar




















Surdo, mudo e cego estou
Pra não perceber meus erros
Pra não enxergar que preciso mudar
Afinal de contas sou dois em um só corpo
Coração de homem
E alma de poeta.
Não me considero como tal e nem quero
Mais meu querer esta muito longe de ser ouvido por minhas idéias
Afinal,
Pelo que me consta,
O delírio nasce tatuado na alma do artista
Como uma âncora no braço de um marinheiro
Ou a mentira na face do mundo
O homem é areia do tempo
E cai constantemente
Afunilado pelo progresso
E se aglomera num mar de mesmos erros, em uma ampulheta sem fim.
O poeta,
É o elo dos pensamentos e a força dos momentos
Ligando o nada com o tudo
E o vazio com o completo
O poeta não é o progresso.
O poeta não é a areia.
O poeta,
É o próprio tempo.
O poeta,
É o próprio mar.
O poeta,
É o próprio medo.
O poema,
é o próprio ar.                             
                                    (Halifas Q.B.)

domingo, 14 de março de 2010

Enquanto isso eu faço poesias

Enquanto exaltam-se as mentiras
Enquanto abrem-se as cortinas
Enquanto despem-se as meninas
Enquanto engolem-se anfetaminas
Enquanto mijam-se nas esquinas
Enquanto dormem-se os vigias
Enquanto morrem-se os suicidas

Depois disso eu faço poesia
Depois de pular a cerca da vizinha
Depois de ficar nu em uma esquina
Depois de enlouquecer em Teresina
Depois de acreditar n’um novo dia
Depois de estrangular a melodia
Depois de fumar metanfetamina
Depois de defecar na tua piscina

Ainda assim faço poesia
Se não for bela a menina
Se ainda seguem pra Medina
Se a cabala não é divina
Se maquiarem a hipocrisia
Se entupirem-me a narina
Se soprarem-me purpurina
Ainda assim faço poesia

Mas não faço nem cantiga
Pra quem se engana com essa vida
Pra quem estupra a poesia
Pra quem não supera o dia a dia
Pra quem nem pensa e nem rima
Pra quem alimenta a idolatria
Pra quem se admira com a sabedoria
E num lhe servi nem uma poesia

Eu aprendi com o Valcian

Eu tenho medo da tecnologia
Medo que ela acabe a poesia
Medo desse ritmo sem melodia
Que nem tem luz nem harmonia

Eu tenho nojo da ideologia
Que rima Marx com burguesia
Que junta amor com hipocrisia
E sexo com apologia

Eu tenho pavor da bio-socio-logia
Que penetra o útero sem passar pela vagina
Que rima infantil com homicida
E Brasil com Palestina

Eu tenho pena dos babacas
Das pobres matérias sem almas
Dos que gozam pelas nádegas
Dessa prostituta dita pátria

Eu tenho compaixão da galinha
Que põe ovo todo dia
Que alimenta tanta barriga
E que no fim também é comida

Eu tenho pena da criança
Das vitimas da esperança
Da sínica (des)confiança
Do futuro d’uma aliança

Eu tenho fobia do sistema
Que mistura clara com gema
Que dita à dura num poema
Censurando até telefonema

Eu tenho medo dos meninos
Dos que seguem sem destino
Dos pobres e dos ricos mendigos
Desse per-fuma-dor-fedido

Eu acho graça do alienado
Que rima hetero com veado
Que rima homem com macaco
E engoli até o esperma do gado

Eu acho graça dos sábios
Que zombam dessa rima
Porque rimo medo com azia
Só pra num perder a poesia

Eu aprendi com o valcian
Que rima bosta com maçã
E que no fim de toda manhã
Acredita nessa filosofia vã

Eu amo todos os meus inimigos
Que se incomodam com meu pinto
Só por ser um grande pinto
Que num aço e nem cuzinho

Eu quero mesmo é poetar
Que é melhor que punhetar
Nada deve relaxar
Nem espermentrar gozar

Eu tenho medo de cegar
Quando a luz do sol raiar
E o mundo todo escutar
O que eu tenho pra falar

Mais uma vez eu acho graça
Dessa gente boba e palhaça
Que acha a rima tão sem graça
Se não tiver nela cachaça

Eu gosto mesmo é da cegonha
Que não teve nem vergonha
De gritar sem cerimônia
Que fumava só maconha

O quê que importa a politizada
A mulher feia e esclerosada
Que num conta nem piada
Se o que vale é a gozada

Eu rimo TV com BBB
Duas siglas pra idiota ler
Pra descer as calças sem perceber
Que até com areia querem meter

Eu admiro a hipocrisia
Que converte todo dia
O mais nobre em parasita
Numa festa de alegria

Eu creio mesmo é na verdade
Que grita por toda cidade
Em nome da liberdade
Senhora da humanidade

Eu quero mesmo é me opor
A todo esse horror
Que se finge de amor
Pra destruir o que é pudor

Eu quero ter mesmo um pré-conceito
Melhor que essa falta de conceito
Dessa globalienação (dês)respeito
Que do conceito tem pré-conceito

COMUNICAÇÂO SOCIAL

.....................................E
..................................NEM
................................MESMO
..............................ASOCIIAL
..........................AÇÃOCOMUM
.......................DESMOBILIZARÁ.
.....................SÓACOMUNICAÇÃO
...................DAAÇÃOCOMUMPODE;
..................DESMOBILIZAROTOPO!

Brasil, ôh país da seleção!

Só de ver
Que o Brasil rebola
Enquanto o Chile treme
Penso que ele é, mesmo, o país das mil maravilhas.

Só de imaginar
Que o Brasil cresce
Enquanto o Haiti cai
Penso que ele é, possivelmente, o país do futuro.

Só de assistir
Que o Brasil faz gols
Enquanto o Chávez prende a bola
Penso que ele é, apenas, o país do futebol.

Mas, quando percebo
Que o Brasil que rebola
É o mesmo que pede esmola
Vejo que ele é, simplesmente, o país da contradição!

Mas, quando vejo
Que o Brasil que cresce
É o mesmo que emudece
Vejo que ele é, realmente, o país do mensalão!!

Mas, quando assisto
Que o Brasil que faz gols
É o mesmo que rouba o povão
Vejo que ele é, definitivamente, o país da seleção!!!
Que O seja, então!!!!

sábado, 13 de março de 2010

Vida















Durma de vez em quando e espere o tempo passar.
Sorria dos momentos e com eles.
Tente a sorte de um amor.
Se você quiser virar estatística em alguma coisa,
Deseje que seja em relação ao coração.
 Deite em um muro de cacos de vidro para sentir o nojo da dúvida.
E divirta-se a moda de todas as horas.
Beba, fume, transe, olhe, ouça, sinta, ame, odeie, abrace, perdoe
E em um dia frio,
De ventos fortes e janelas embaçadas,
Brinque,
De saber tudo sobre qualquer coisa.
Iluda sua mente em favor de suas vontades.
E quando tudo o que restar for um olhar decepcionado na frente do espelho,
Com um rosto cicatrizado pelos anos e molestado pelos dias,
Jogue dados com a morte
E prove que até mesmo a irmã casula da vida,
Precisa de sorte.
                                                 (Halifas Q.B.)

Dúvidas e Certezas




















Meu coração sangra mais para o lado de fora,
Quando só posso te ver do lado de dentro dos meus olhos.
Meus olhos,
Livre expressão de tudo aquilo que sinto,
De tudo aquilo em que me perco.
Perda,
Palavra que me persegue a longos passos aleatórios.
Se me perco no vão dos pensamentos, em noites intermináveis de ESTRELAS intocáveis,
Encontro-me no teu rosto, na tua face.
Teus olhos refletem um estranho,
Os meus, me mostram meu mais puro desejo,
Minha mais humilde vontade.
Na desordem dos meus dias sem nexo
A mais fiel companhia é a lágrima que passeia sob os poros do meu rosto
Lavando a poeira dos dias, as tristezas,
As cinzas dos sonhos queimados e ressurgidos, tais como a Fênix quente que mora em mim
A dúvida fácil vem com a certeza de não saber em que pensas ou o que fazes
E a esperança inútil nos meus olhos,
Vem do mesmo céu que compartilhamos.
Apenas disso tenho certeza.
Que de tudo compartilhamos
Ar, vida, céu, estrelas, dias e noites
Mais nada em nosso favor.
Pois meu egoísmo se põe diante dos problemas do mundo como sacrifício,
Mas meus sentimentos se põem diante de ti como entrega
Voluntária e satisfeita.
E então, que tenha início o ritual.
Esta noite, sacrificaremos um poeta.
                                                        (Halifas Q.B.)

terça-feira, 9 de março de 2010

NECROSE


CANSEI DE ESPERAR TUDO
E SÓ NADA APARECER.
AGORA EU FICO MUDO
SE ALGUMA COISA ACONTECER.

EU VOU FURAR MEUS OLHOS
E VOU SERRAR OS BRAÇOS.
A TERRA SE INCOMODA
COM OS CAMINHOS QUE TRAÇO.

JOGAR BASEBALL COM PERNAS,
EMPINAR ALMA COMO FOSSE RABIOLA.
NO FINAL, MERGULHAR DE CABEÇA
EM ALGUMA COISA QUE DEGOLA.

TRIPAS AOS CACHORROS,
MIOLOS AOS URUBUS.
CANSEI DE SER A FERIDA,
EU AGORA SOU O PUS.