terça-feira, 6 de abril de 2010

PUTA MERDA

Pelas vezes que você saiu quando sabia o que me dizer,
Pelas vezes que te vi fazendo sem saber o que fazer,
Pelas vezes que precisei do que já não importa,
Pelas vezes que me tranquei quando nem havia porta.

Hoje eu sei, não sei de nada de tudo que eu sabia,
Hoje tenho o que não tinha quando parecia ter.
Hoje é tudo o que não havia mas o que há de ser?,
Amanhã de ontem talvez eu vá saber.

Pelas vezes que eu gritei quando você ria,
Pelas vezes que senti saudades do que não conhecia,
Pelas vezes que toquei fogo na sua água fria
Explodindo qualquer pretexto de harmonia.

Tanto faz, nem faz tanto tempo assim,
Além do mais, estava além de mim.
E por mais que a gente queira ou não queira que...,
É tudo tão velho na novidade entre eu e você.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Retrato



Teus olhos fechados, como cortinas em fim de espetáculo.
Tua mão abraçando o ventre,
Como se tocasse o cansaço.
Teu sono abraçando o silêncio.
Teu corpo repousando em uma paz inacabável.
Deus me deu olhos.
Mas eles não tocam,
não sentem,
não beijam e não sabem fingir.
Queria eu estar ali.
Quem sabe,
Do lado de dentro da tua testa.
Vendo,
ouvindo,
dançando com tuas idéias.
Brincando com os teus sonhos
no balé desses desejos.
Mas o retrato nada mais é, que um plágio do real.
Um furto que maltrata,
engana e ofende.
Pois desejaria mil vezes não enxergar tais imagens.
Do que vê-las todo dia,
E tê-las apenas em minha mente.
                                            (Halifas Quaresma)

Eureka




















O homem,
Criação da livre expressão divina,
Liberdade, cárcere, condenação e carrasco de si mesmo.
Tende a obedecer exatamente aquilo que pensa
E a desprezar tudo aquilo que sente.

O homem,
Sinônimo imediato da palavra dor.
Palhaço do “eu”, platéia do “mim mesmo”.
De peito aberto para receber as balas do vento
E as rajadas das madrugadas de silêncio.
É o único entre todos e uma multidão dentro de um só.

A verdade é que ele cria.
Maravilhas, horrores, fantasias, decepções, agonias.
A lista nem cabe nos pensamentos.
O homem faz nascer estrelas em fogos.
Enfeitando a alma dos encantados pelo esplendor das
explosões.

Assim que for provado ser a guerra algo bom,
Disponho-me a ser escudo.
É que nada me fascina tanto,
Do que a doce face teatral do homem.
A felicidade abraçando o sabor triste das coisas.

Pois o homem,
Gênio indomável e rei de todo o nada,
Cria o mundo e a ele não faz nada.
É o primeiro a encher-nos de esperança.
E o único, capaz de fazer brotar lágrimas,
Nos olhos de uma criança.

(Halifas Q.B.)