terça-feira, 30 de novembro de 2010

Doses - Ciclo Vicioso.

 
Uma dose de uísque pra esquecer
Uma dose de vinho pra alegrar
Uma dose de absinto pra morrer
Uma dose de café pra ressucitar!

E no final de tantas doses
Se está revigorado e pronto pra mais...

Mais uma dose de stress
Mais uma dose de preocupação
Mais uma dose de cansaço
Mais uma dose de "dia-a-dia"
Mais uma dose dessa insuportável rotina
Que chega a enlouquecer !!

E depois de louco
O que resta é só...

Uma dose de uísque pra esquecer
Uma dose de vinho pra alegrar
Uma dose de absinto pra morrer
Uma dose de café pra ressucitar.

Vazio.

Ele começou assim: "vou pedir para Dona Fulana me dar três meses de carinho..."

Hoje em uma conversa de bar com um amigo descobrimos que já não se fazem pessoas como antigamente. Eu pensando que o final da frase seria "....três meses de aluguel", não. Me enganei e me assustei, e fiquei atônita: mas só carinho? Sim, só isso. Ele só quer carinho e, incrível, onde tanta gente reclama da falta disso, elas são incapazes de satisfazerem umas as outras. Como pode? Pode sim. Descobrimos também que isso é porque além da pessoa querer o afeto e o afago do outro, ela exige, ainda, o ridículo cumprimento de alguns requisitos constantes em uma lista insuportavelmente depressiva.

No capitalismo selvagem em que vivemos não me admiraria que daqui a alguns poucos anos as pessoas trocassem dinheiro por carinho. Gente, vamos combinar, pessoa é essência e coisa é merda. Lógico né? Nem tanto, levando-se em consideração que hoje só é bom para "casar", "viver junto", aquele (a) que respeitar fielmente os requisitos da tal lista. Detalhe: são requisitos bem práticos, tais como, beleza britânica, emprego público, estatura alta, costas largas, quadris largos e por aí vai. Fuja disso e verá quem vai correr...

No fim de tudo ele só quer carinho. Eu só queria fazer as pazes. A minha situação se resolveu, e a dele?
O mesmo quarto vazio, a mesma sala vazia, a mesma cozinha vazia... preenchidos apenas com móveis vazios, coisas e mais coisas, claro, vazias.... Aí vocês perguntam: e a família dele? Acreditem vocês, também vazia. Alguém aqui sabe o que é isso?

Não né? Imaginei...

Por Carol Sousa

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Dormirei no mudo.
Descansarei o quanto puder, pois o amanhã é um velho dia desconhecido.
Acordarei com as trombetas soando ao lado.
E voltarei pro meu dia de rei.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ás vezes o sentido das coisas está em elas não fazerem sentido.
Café ,música, o vento, o tempo e as nuvens de algodão...
Drogas TARJA PRETA, que são minha única cura
Nada a mais , nada a menos.
O ponto de equilíbrio mais desequilibrado que já senti
Mas sou só eu
Estranha criatura que por vezes não reconheço no espelho
Confusa, indecisa, medrosa,sensível, estupidamente, eu
E essa variação brusca de estado de humor
De um extremo a outro
Sou só eu
...tentando entender o que não têm explicação
Dando murro em ponta de faca
Sem medo de cortar a faca ou entortar a mão
Sou só eu...
 e seria estranho se não fosse esquisito.

Uma Mulher: Seus sonhos e realidades.

Hoje é um dia tão especial

Meu passado mais uma vez bateu a minha porta.
E pela primeira vez eu fiz algo louvável
Foi como nos cinemas: cena ruim, corta!
E assim a cena dois prossegue: limpa e saudável.
Nem os gritos nem os berros,
Nem os socos e pontapé.
Ele foi embora, com o rabo entre as pernas.

Pena que era só um sonho.

Meu passado mais um vez bateu a minha porta
E como a criança que treme ao ver o bicho papão
Nada fiz, além do sonho e da ilusão.
Eu não era, mas pensei ser forte.
Nem afago ou carinho. Nem a verdadeira face, um faceta.
Somente cortes e recortes,
Com feridas e maquilagens cor de violeta.

Eu sempre calada, tentando preservar o que chamava de familia, destrui passados e futuros, e o presente que recebo são tapas na cara e insultos. Já não aguento mais. Mas também não tenho força para reagir. Sou uma prisioneira dos meus medos, da minha realidade. Mas por favor, não faço como fiz! NÃO SE CALE!




(25 de Novembro: Dia internacional de luta contra a violência à mulher)

Bazar de si.

Quero grana. Fiz um bazar!

Vendo qualquer coisa que conste em mim, qualquer coisa que esteja ao meu redor, eu vendo. Vendo meu sono, meu som, meu carma, meu santo. Vendo.
Vendo também minha cama, minha viola, meu violino, minha saia. Saia!
Vejam, vendo apenas! Não faço doações.
Vendo meu pouco frio, o calor, meu lençol, os pingos de chuva. Sim, eu vendo.
Vendo meus fracos versos, meu dedilhado e meu processo.

Vendo tudo isso só para ter um pouco de grana, gana, fama.

Vendo até mesmo quem é invendável. Vendo meu estresse - juro que por preço de banana, ou mais barato. Vendo minha ironia, vendo minha verdade!

Achando um comprador, nesse caso
A infelicidade faria de mim um verdadeiro
Caos.

Fecha o Bazar. Nada de vendas. Melhor assim!

Por Carol Sousa

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Voando com os pés no chão

Era só uma experiência
O pouso foi tranqüilo, sem danos
Estilhaços sob meu cabelos
Eram apenas uma ilusão,
Algo entre o real e a ficção.
Quando estendi a mão em agradecimento
Esperava um grave por, estilo.
Quis desistir naquele momento.
E quando, a gritos, apareceu
Não esperava tanto, restrito.
Mas meu corpo, sem ação, estremeceu.
A experiência foi boa.
Eu apenas estava abaixo daquilo que vi
E sobre o que emergiu.
Como meu olhar, eu também percebi:

Que de tão longa viagem, esqueço quem do lado me acompanha. A viagem foi boa, parecia sozinho. A viagem foi ruim, Esqueci carinho, parecia sozinho.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Chega uma hora em que não se entende mais nada de tanto sentido que a vida faz.
Às vezes temos certeza que o que não aprendemos ontem, não aprenderemos jamais
Ou então fazemos questão de apagar tudo para começar vida nova
E lutando contra aquilo que se é e foi, sofremos para que sirva de prova.
Provar qualquer coisa seja para alguém, seja para experimentar é muito subjetivo,
Nessas horas é que a moral e a ética entram em colisão com os nossos motivos,
Mas fazemos isso o tempo todo por livre e espontânea pressão,
Nós fazemos isso o tempo todo e juramos que não é em vão.
A racionalidade é a expressão da angústia, o símbolo do sofrimento,
Existem pessoas felizes com Deus, com amor e consigo mesmas,
Mas não existem pessoas de verdade,
Eu sou de mentira me desculpe a maldade.

Me moldo em teus braços, mas não perco a forma
Sigo teus passos, mas o caminho ainda é meu
EU ainda escolho por onde ir...
Danço contigo ,mas quem dá ritmo a essa valsa sou EU
Aperto tua mão como que por segurança
Mas tenho certeza que minha segurança está dentro de mim
Imagino você a noite toda, mas é só pra esperar o sono chegar
Teu cheiro está na minha pele, mas o que eu exalo ainda é a minha essência
Você passa o dia encarnado na minha mente, mas é só pra eu ter certeza que não estou sozinha
Porque mesmo que você me molde em seus braços...

                               [I want you but I don’t need you .]

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Essa gente?

Não vagarosa, célebre ou indomada
Desconstruída,
Invisível e ao mesmo tempo alimentada.

Coitada daquela,
De pés rachados, dentes pretos
Que como comida,
Apenas a farinha, a água e o sal.
Deliciam-se como que por um instante
Sanasse a dor de uma vida.

Aquela gente tão sofrida.

A margem de toda a sociedade
Onde lhe tiram a água,
O bem vital do ser humano,
E no lugar lhes dão promessas descabidas.
E como se suficiente não fosse,
Ao pior, a água vira mercadoria e é vendida

Aquela gente tão sofrida.

Aquele agricultor,
Do sertão, do semi-árido.
Que ora Deus que a chuva caia,
Que planta em seco e sob pedras.
E que em tempos de escassez
São esquecidos, renegados,
Anti-humano, ente desalmado.

Bandido mascarado.

Desamor

Em mais uma daquelas conversas de bar, um amigo me confessou estar com o peito rasgado, estourado, perfurado por causa de uma sem causa. Ele não está triste, ele está indignado. Se questiona o tempo inteiro sobre como existir uma criatura tão sem sentir, tão sem coração, tão sem humor, tão sem seriedade para acabar com tudo assim, rápido e direto como um tiro certeiro.

Pois bem, ela chegou sem dó nem piedade, chegou como quem vem dá um beijo de "bom dia" e - depois de pouco mais de ano - deu-lhe um abismo para que mergulhasse de cabeça. Ali, perdido, com frio, fome, estômago e coração vazio, ele diz não suplicar por sua volta, pois se ela vier - de mala e cuia - terá apenas o trabalho de voltar - com a mesma mala e a mesma cuia. Dessa dor ele tem medo de provar de novo. E como ele julga, com ela seria apenas o sabor do amargo.

Hoje ele prova daquele aparato: conhaque, bar, meia-luz e jazz. Tá, tudo bem, a famosa dor de cotovelo, como queiram! Hoje ele prova isso e cada dia será uma experiência nova. A cada dia ele vai achar que não vai aguentar, que vai fraquejar, que vai literalmente morrer de saudades do cheiro e de tudo que ele viveu nela. A cada dia que passar, enquanto ele acha que essa dor parece ser mais forte, ele perceberá que apesar de tudo, que "apesar de você", ele continua vivo, mas que o mundo, infelizmente, não vai parar para que ele desça e aniquile-a de sua mente.

A dor do desamor só o tempo cura. Só o tempo te aprensentará, meu amigo, um novo amor, uma nova vida. Ou quem sabe o mesmo amor, mas de uma outra forma, mais maduro...

Deixa. Assim como a vida tira, ela também dá...

Por Carol Sousa
Aspas: "Apesar de Você" - Chico Buarque

domingo, 14 de novembro de 2010

Histórias de José, de Zé.

Sei que há. Dois mundos extremos entre o fazer e falar. Por vezes pendurando nesta linha, curta navalha, que aumenta minha angustia e ao mesmo tempo sustenta meus tristes dias. Ilusão do obviou, sustentação do imaturo, irreal e indissociável do meu ser.
Meu falar parece estranho, minha boca não tem mais saliva, nem veneno, nem misterio ou emoção. Minha historia é vista como quem ver um pássaro voando, em uma tarde de claro sol, ou como quem ver, mesmo que de vista embaçada, uma criança a correr naquele mesmo dia, três horas depois, sob forte vendaval e chuva torrencial. 
Na verdade não sei por te falo estas coisas Maria. A tua vida é tão mais bonita que a minha. Tens tudo que quer e o que não quer joga fora, como quem joga um chiclete mastigado e sem açúcar, ou um cigarro quem não tem mais o que matar.
Maria, um dia eu te conto minha vida... um dia eu te conto maria.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sei que há e que houve as diferenças e divergências,
Sei também que sempre ão de convergir.
Espero na luta Não agredir, a meu companheiro não agredir.

domingo, 7 de novembro de 2010

(Poeminha de Cirrose Cardíaca)

São 7 letras fincadas
Marcadas com pincel pra cedê;
7 letras finas,
Escrita redonda de letra de Professora.
7 letras pintadas a dedo
Em tinta guache - água e cola no papel machê;
São 7 letras velhas,
Cor de jornal molhado em água de sarjeta,
Mas são 7 letras Cor-de-acorde-daquela-musica
Vinho do vinho barato em taça de plástico
De sexoconcavoconvexo, da sede-suor:

7 letras apregadas, Superbonder nos dedos
7 letras de apego, frio de abraço distante?
7 letras de rima, da musica que se sabe de cor ?
Que são sete letras em noda, mancha no vestido novo
Que são as sete letras de Saudade.


Por Laelia Carvalhedo

sábado, 6 de novembro de 2010

O resto.

Depois, sem muita luta, você saberá quem faz parte da escória do meu mundo. Talvez nem te interesse tanto, até por ser escória, mas espero um dia poder falar ou, sei lá, ESCANCARAR tudo que há em meu ser e de um único grito mostrar quão insignificantes são essas míseras partículas que me rodeiam sem a minha menor vontade. Eu quero um dia poder contar a vocês do PRAZER que tive de lhes METER o dedo na cara, de lhes ENFIAR garganta abaixo tudo que na minha garganta habita, de lhes VOMITAR algo que já completa 15 anos. De tão antigo será o meu melhor vômito.

É sim, essa banda PODRE a escória do meu mundo. Imagino eu, que você já nem queira saber sobre esse resto, sobre esse lixo. Imagino eu, que você até nojo já tenha, como eu. Então deixa, depois eu te conto quem é a escória do meu mundo.

Ela tem uma cara meio puta, meio gay, meio velha...

Por Carol Sousa

Ele se foi,as rosas murcharam...
Vista seu melhor vestido,
Deixe que as lágrimas apaguem a ponta do seu cigarro
Enxugue o rosto com o guardanapo do uísque
Retoque a maquiagem                    
Peça o último drink
Amanhã é um novo dia
E você estará pronta pra outro!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sujeito sem jeito

Considerado sujeito bandido
Tinha Vendido tinha comprado
E depois do presente o passado
E depois um futuro vendado
 
Considerado sujeito de sorte
Tinha a casa,o teto, o luar
Tinha a grana e com que gastar
Tinha a flor, a planta e o pomar

Considerado sujeito perdido
Há tempos correndo sozinho
Pelo mundo, sob pedras e espinhos
Pela historia, sem amores, sem caminho.

Considerado apenas sujeito
E para historio o principal
Não por ser melhor ou maioral
Por que no fim todos somos um. Igual.

Considerado sujeito maluco
Sempre fazendo o que não é  padrão
Indo sempre ao encontro, em subversão
Sempre mais perto, sem mais. Ou não!

Mas que jeito?

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Première.

Ela quer amor
Ele quer prazer
Ele quer uma noite
Ela quer a eternidade
Uma troca injusta não?!
Pois talvez ela irá dar sem receber
Já que o prazer é bem mais fácil de fornecer que o amor
O amor é mais sublime, mais raro,exige mais,exige muito
Envolve mais que uma transferência de líquidos e gemidos
No amor não são os hormônios que mandam
No prazer eles coordenam tudo e sem eles nada funciona
Eles agem rápido, e são passageiros
O amor é mais forte, ele suga tudo,quer atenção, paciência, carinho...
Mas pra ele, é mais fácil o prazer, o amor dá trabalho, pede mais do que cede
E ele não pode perder tempo
Apesar de tudo, pra ela valerá a pena
Porque foi com ele que ela sonhou
Porque ela sabe que pode possuí-lo
E sabe que pode dominá-lo, mesmo sendo só por instinto animal
E ela não se preocupa se vai sofrer ou não
Depois, é depois
O que importa é o momento...
E no momento é isso que ela quer.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Não sei se há algo bonito a dizer,
Eu conheci meus heróis mortos.
Ainda há muito que se fazer
Porque os barcos ainda estão nos portos
E você não quer assistir a lua comigo.

Os dias mais agitados do país são os mais terríveis para mim.
Há um milhão de pessoas disponíveis no computador,
Há um milhão de pessoas sem disposição pra minha dor.
Você só me dá prazer de homem adulto,
Ouça o que eu digo como se o seu ator preferido cantasse.
A canção não é triste, é só o sentimento.
Eu quero ser cantado um dia
Por isso me encante mais que ontem,
Faça como nunca para que seja pra sempre.

From sunset to sunrise



Não mais que borrões, os dois passam velozes, iluminados por um sol intenso, mesmo encoberto por grossas nuvens. Gotas sob seus corpos refletem o brilho azulado das manhãs. Entre ofegantes sorrisos ele a ergue no ar, ata as mãos em sua cintura. Rodopiam. Seus cabelos dançam com o vento. Girassol.

Sentam-se à sombra de uma pedra úmida. Debruçados, observam uma nuvem negra caminhar no horizonte. Ela trará chuva e escuridão. Frio e mil trovões cortarão o ar - tudo tão ciclicamente necessário à vida dos verdes dias. Erguem-se com preguiça e pensam em talvez voltar para casa.

prosa poética de Natanael Alencar, quase um free-lancer por aqui

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

(Des)controle

Gosto de manifestaações espontâneas
Gritros, histeria, comoção
Gosto da loucura simples
Desvairada, sem freios ou mediação


Gosto do que ninguem gosta
Do que não é costumeiro ou trivial
Gosto quando o fim vem no começo,
Gosto do gosto de açucar misturado com sal

Gosto do andar despercebido
Do cantar as escondidas
Gosto quando a luz esqueci de ir embora.
quando perdi o ponto de partida


Gosto quando olho no espelho
E meu gostar se torna dois
Gosto quando te vejo no espelho
Assim, me vejo depois, pois...

O teu gostar é meu gostar
E ao nosso lado, a esquerda,
é lá onde ele estar! Nosso gostar!

(* Inspirado em frases de Talita França)