quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Daquilo que não posso amar






















Desprezo-te por tudo que roubas de mim.
Desprezo-te por toda essência de sono que arrancas de minhas noites.
Detesto tua forma de arrancar-me os olhos,
Como se meu, nada fosse.
Como se a ti houvesse dado,
Aquilo que outrora nunca saiu de mim.
Desprezo teus olhos.
Eles arrancam de mim as atenções que o mundo precisa.
Eles me enforcam nas mil maneiras que consigo imaginar-me dentro deles.
Desprezo-te por todas as horas que arquiteta em minha testa,
Moldando o tempo a tua maneira,
Esculpindo o ar com teus segundos intermináveis.
Tudo o que me resta odiar
É o sabor líquido daquilo que amo.
O amor diluído no calor da sanidade,
Derretendo o gelo do silêncio
E deixando escorrer por dedos as palavras ditas verdades.
É que não posso ter por bem
Aquilo que tira de mim essa força que me faz pulsar.
Por que dentro do peito, eu tudo posso carregar.
Mas se peito não tenho, por te dar, nada posso guardar.
A não ser o nada que me fazes amar,
A ausência que carrego de ti
E o vazio que me fazes odiar
Por não achá-la dentro de mim.

(Halifas Quaresma)

3 comentários:

  1. Esse menino joga é bola com as palavras, ele quem apita o jogo pra elas, é isso aí, acho massa teu estilo.

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  2. Valeu Valciã, nem preciso dizer nada, você faz igual se não melhor...Acho massa teu estilo²

    Valeu Nícolas, acho que essse é um mal de todos os poetas de teresina, falar das nossas rotinas de pensamento...

    Abraços!!!

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